terça-feira, 23 de junho de 2009

Turismo Religioso - Parte II

Comercialização da fé e mecanismos de incentivo à motivação religiosa

A indústria do turismo é responsável por uma boa parte da moderna evangelização que percorre os nossos dias. Ao criar pacotes turísticos, em que os destinos de culto religioso são o seu grande chamariz, está dessa forma a “evangelizar” os seus clientes. Estes são absorvidos pela grandeza dos locais que visitam, uma vez que o sagrado se mistura com o profano e o profano inclui naturalmente a mercantilização da fé. Esta mercantilização obviamente esvazia todo o lado sagrado que a maioria dos locais possui, há um esvaziamento da dimensão simbólica
Os locais de culto estão atolados de lojas de artigos de culto, e de vendedores ambulantes, que comercializam objectos necessários a um ritual do turista e do peregrino. Com a crise económica e moral em que vive a sociedade contemporânea, as classes mais baixas e os endividados são alvos fáceis dos mercantilistas da fé.
A mercantilização dos símbolos religiosos e as implicações económicas de venda deles deve tornar-se do maior interesse para os investigadores à medida que o mundo se torna mais orientado para o consumo (Vukonic, 1996)
A necessidade de contactar o divino, através da aquisição das imagens da Virgem, vai ao encontro dessa mercantilização da fé.
Cultura e religião desde sempre andaram de mãos dadas. No que toca à primeira, a sua motivação é a valorização cultural e a fruição dos diversos atractivos existentes nos destinos, dos quais se destacam: actividades de animação cultural e recreativa, visita a museus, monumentos, eventos culturais e festividades tradicionais. A segunda orienta-se por motivações que têm a ver com a devoção e práticas religiosas, nomeadamente: promessas, peregrinações, participação e determinados eventos, sendo o património cultural o elo de ligação entre ambas. Assim desta forma, não é pois de admirar que o mesmo aconteça entre o turismo cultural e o turismo religioso.
Não deve, portanto, ser apenas entendido como a simples prática de peregrinações, mas como forma de oferta aos turistas de novas experiências e do despertar neles novas motivações. A sua base é o riquíssimo património natural e cultural das religiões e, muito embora seja considerado por um turismo à parte, na realidade constitui-se hoje, como um segmento do turismo que mobiliza cada vez mais turistas.
O Turismo religioso tem vida própria uma vez que surgem inúmeras festividades religiosas ao longo do ano. Com a chegada da Primavera, três ciclos importantes acontecem: a Páscoa, o ciclo de Maio (dedicado a Maria) e o Espírito Santo. O ciclo da Páscoa o mais importante de todos, está associado às celebrações do Domingo de Páscoa, aspectos ligados à igreja e a rituais populares. As celebrações do ciclo de Maio dedicadas a Maria, atingem o seu clímax no dia 13 de Maio dia em que se comemora o dia da Aparição da Virgem aos Pastorinhos.
O terceiro ciclo constitui o ciclo da Primavera. São célebres as festividades oriundas dos Açores, em honra e louvor do Espírito Santo.
Estes rituais mantêm acesa a chama da devoção, repetindo-se todos os anos nos mesmos lugares.

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