domingo, 28 de junho de 2009

Turismo Religioso Parte III

Embora o Turismo religioso não surja como um dos dez produtos que integram o PENT - Plano Estratégico Nacional do Turismo, e seja apenas um dos subprodutos do Touring Cultural, penso que em breve, graças ao interesse que está a despertar, não só no meio académico e universitário, mas também nos diversos operadores turísticos, que em breve o denominado Turismo Cultural e Religiosos atinja o lugar que merece.
No que diz respeito aos recursos turísticos ligados a este produto, Portugal apresenta vantagens competitivas: possui uma ampla e variada oferta cultural e religiosa, concentrada geograficamente e de elevada qualidade.
Um País com 800 anos de história detentor de um património arquitectónico, artístico, histórico, natural e religioso capaz de atrair muitos visitantes, constituindo, aliás, um dos factores diferenciadores do destino.
O turismo cultural e religioso revela-se o mais enriquecedor para o turista, contudo mais exigente para a estruturação da oferta, no qual o conhecimento e a aprendizagem desenvolvem atitudes de tolerância e solidariedade.
Deste modo, pretende-se que a utilização do património natural e cultural tenha subjacente princípios que assegurem a sua conservação, que lhe acrescentem valor e que a fruição turística possa ser encarada como um dos motores de desenvolvimento local e regional.
É no quadro do touring que o turismo religioso se posiciona como elemento específico e complementar deste produto estratégico, permitindo, junto da procura, diversas abordagens. O património religioso, permite a introdução de uma dimensão espiritual passível de ser interpretada por qualquer um dos seus públicos – o peregrino e o turista apreciador de arte e cultura.
O grande desafio para o turismo religioso, enquanto elemento integrante do Touring Cultural, assentará na sua capacidade de implementar modelos eficazes de gestão que permitam uma fruição do património religioso que associado a todas as outras valências turísticas, confira, a cada um dos públicos, a experiência da descoberta, do conhecimento, do deslumbramento e de elevação pessoal.
Desta forma o que pode distinguir uma peregrinação de uma viagem turística no âmbito do religioso? A motivação. Uma peregrinação é claramente motivada por razões de ordem espiritual e religiosa, precedida por um tempo de preparação, acompanhada normalmente por um sacerdote.
Outras viagens são dominadas peregrinações mas verdadeiramente não o saõ porque a motivação é trocada pelo pretexto. Por exemplo, a pretexto de uma peregrinação a Fátima são feitos programas tão recheados de visitas a grutas, a museus, a caves e adega, a espectáculos e a provas gastronómicas, onde a dita peregrinação é apenas um detalhe que não passou de uma visita turística a Fátima. Temo que talvez sejam estas as viagens mais comuns dentro deste sector chamado Turismo Religioso.

1 comentário:

Vítor Rosa disse...

Deixo um comentário: Pelas notícias divulgadas nos meios de comunicação social, a Diocese de Beja tem vindo a fazer um trabalho sério de levantamento de todo o espólio religioso (peças, monumentos, igrejas, etc.) no Baixo Alentejo. Como o turismo religioso, é uma área que te interessa, acho que poderias aproveitar e fazer um artigo para o blogue sobre isso, ou, quem sabe, um trabalho académico para se apresentar num futuro congresso de Sociologia ou Turismo.